1.
Três poetas tematizam o tópico da evasão. Rapidamente podemos identificar que
eles usam o recurso da intertextualidade com um dos nossos poetas: Manuel
Bandeira. Esta é uma das marcas da literatura caboverdiana, sobretudo das
décadas de 1960 e 70. O modernismo brasileiro suscitou um diálogo poético
profícuo entre Brasil e Cabo Verde. Identificando-se com os modernistas
brasileiros, os poetas caboverdianos por motivos vários, desde as semelhanças
geográficas com o nordeste brasileiro à necessidade de ruptura com o processo
de colonização, apropria-se de caros temas e motes de nossos poetas, seja sob o
recurso da paráfrase ou da paródia, para assim, sem abre mão de suas
peculiaridades, cantar sua terra, seus problemas e expressar uma identidade
estético-literária. Diante deste breve comentário, leia o poema “Vou me embora
pra Pasárgada” de Manuel Bandeira, “Anti-evasão” de Ovídio Martins e Itinerário
de pasárgada, de Oswaldo de Alcântara. Em seguida, explique as posições dos
dois poetas caboverdianos diante do tema em diálogo com Bandeira. (10 pontos)
Manuel Bandeira e Oswaldo de Alcântara refugia-se em uma cidade que, segundo o eu-lírico, os trará alivio da sua infelicidade no local que ele se encontra. Já Ovídio Martins maximiza a importância de permanecer na terra natal.
Manuel Bandeira e Oswaldo de Alcântara refugia-se em uma cidade que, segundo o eu-lírico, os trará alivio da sua infelicidade no local que ele se encontra. Já Ovídio Martins maximiza a importância de permanecer na terra natal.
2. Você observou que há, na unidade, poemas de Odete Semedo, retirado do livro “No fundo do canto”, em que a autora escreve em português e no seu dialeto crioulo. Diante do contexto literário de Guiné Bissau, explique porque a autora tem a preocupação de poetizar em bilíngue. Em seguida, leia atentamente o poema “Bissau é um enigma”, explique e justifique o estado emocional do eu lírico. (10 pontos)
A
autora preocupa-se em produzir os poemas em português e no crioulo de
Guiné-Bissau porque para ela as traduções retiram a autenticidade das obras. Em
seu livro ela ressalta: “nem todos os poemas são apresentados
em duas versões, dado que uns foram escritos originalmente em kriol e outros em
português. E a tradução fá-los-ia perder a autenticidade”.
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