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terça-feira, 28 de junho de 2016

Formação Histórica da Língua Portuguesa - Ativ I

1. Sabe-se que a língua portuguesa deriva do latim vulgar. No entanto, essa derivação não se deu de forma natural como, por exemplo, por um simples contato entre línguas, mas devido a invasão e dominação dos romanos aos povos hispânicos. Nesse sentido, leia o item 1.1 do livro da disciplina e diga em qual século ocorreu a invasão dos romanos na Península Ibérica? (6,0 pontos).
Século II antes de Cristo.

2. É pontual destacar que as circunstâncias históricas, nas quais se formou e desenvolveu-se a língua portuguesa, estão indissociavelmente relacionadas a fatos que constituem a história geral da Península Ibérica. Por outro lado, no entanto, a história geral peninsular é bastante confusa antes da conquista romana, sobretudo, no que respeita saber quais povos nela habitavam. Coutinho (1976) discorre sobre os povos que habitavam na Península àquela época. Apresente em forma de esquema os postulados do referido autor sobre a população peninsular. (6,0 pontos)
POVOS
ORIGINOU
Cântabro-pirenaico
Basco
Mediterrâneo
Íbero

3. Na passagem do latim para o galego-português, aquele passou por evoluções fonéticas, morfológicas e sintáticas. Segundo Teyssier (1997), cronologicamente, é só a partir do término do período imperial que o latim conhece as evoluções fonéticas. Nesse sentido, aponte as principais mudanças fonéticas, morfológicas e sintáticas, quando da passagem do latim para o galego-português. Vale ressaltar que como não podemos separar morfologia de sintaxe, sobremodo quando se trata do latim, as evoluções evidenciadas na morfologia se fazem refletir na sintaxe. (13 pontos).
Perda de oposições de quantidade sofridas pelo latim imperial em relação ao latim clássico, que se resumem na Tabela 1 a seguir:




Essa tabela mostra que o latim clássico possuía cinco timbres vocálicos, pois havia uma vogal breve indicada pelo sinal ¢ (bráquia) e uma vogal longa indicada pelo sinal (mácron) para cada timbre, perfazendo um total de dez fonemas.
A partir do século VII, com o desaparecimento da quantidade, a distinção entre as vogais passou a ser percebida através da intensidade.
À evolução do vocalismo tônico são acrescentadas, ainda, as alterações que os ditongos æ e oe, assim referidas por Teyssier (1997), sofreram ao passarem de uma modalidade a outra, resultando em vogais simples com timbres distintos, tais como descrevem os exemplos cæcum > port. cêgo e foedum > port. feo, hoje feio. O sistema vocálico tônico do latim imperial passa, então, a ser constituído por sete vogais, resultantes das modificações fonéticas sofridas pelas dez vogais e pelos dois ditongos do latim clássico.
Vê-se, então, que, nessa passagem do latim clássico para o latim imperial, as quatro vogais médias permaneceram não se distinguindo todas pela duração, mas pela diferença de abertura representada por /e/ e /e/ e /o/ e /o/; todavia, quando em posição átona, e e o o passaram a ser pronunciadas, respectivamente, como e e o fechadas e como ê e o abertos.
O sistema das vogais orais tônicas em galego-português medieval permaneceu o mesmo do latim imperial, com sete vogais (TEYSSIER, 1997, p. 30).



Ex.: /i/: aqui, amigo; /e/: verde, vez; /ê/: perde dez; /a/: mar, levado: /o/: pôs, boca; /o/: pós, porta; /u/ : tu
Todavia, quando essas vogais se encontram em posição pretônica, as oposições de timbre, entre /e/ e /ê/, de um lado, e entre /o/ e /o/, do outro, neutralizam-se em favor das vogais de timbre fechado, reduzindo o sistema de sete para cinco fonemas
(TEYSSIER, 1997, p. 31).



As consoantes simples:
• Dos grupos ci, ce e gi, ge, em que as consoantes c e g,antes articuladas como oclusivas(quilha, queda, guizo e guerra), assimilaram o ponto de articulação das vogais i e e, isto é, zona palatal, tornando a pronúncia palatalizada como: [kyi], [kye] e [gyi], [gye], em que,[kyi], [kye] passaram a ser pronunciados [tši], [tše] e depois a [tsi], [tse] como em: ciuitatem > port. cidade; centum > port. cento, retraindo-se a cem. Já para os grupos gi, ge o resultado do processo de palatalização será primeiro um yod puro e simples [y], que desaparece em posição intervocálica como em: regina > port. rainha, frigidum > port. frio. Porém, quando em posição inicial, este yod passa [d•], como por exemplo: gente (cujo g representa na Idade Média a fricativa [d•]). Portanto, em galego-português medieval os grupos gi, ge e ju eram, pronunciados como [d•i], [d•e] e [d•u];
• Dos grupos fonéticos [ty], [dy], [ly] e [ny] palatalizam-se em [tsy] e [dzy], [lh] e [nh];
• Do yod proveniente de i e e em hiato e depois de –ss-, esta consoante passou a [š]; ex.: russem > roxo;
• da queda do l e n quando seguidos de um yod passaram a [lh] e [nh]; ex.: filium > port. filho, seniore > port. senhor.
Estes processos de palatalização tiveram como resultado o surgimento de seis novos fonemas no galego-português medieval: /ts/, hoje /s/, como em cidade; /dz/, hoje /z/, como prezar; /d•/, hoje /•/, como em gente, hoje, vejo; /š/ sem modificação no português moderno, como roxo; /lh/ sem modificação no português moderno, como filho; /nh/ sem modificação no português moderno, como senhor, tenho.
Os grupos consonantais românicos -cl-, -fl-, -pl-, quando precedidos de consoantes modificaram-se para –ch-. E, quando este mesmo grupo mais –bl- e –gl-, está precedido de vogal, modificam-se para lh.
Modificações na Morfologia e Sintaxe:
• A declinação latina sofre uma severa redução desaparecendo muitos dos seus casos, apenas, sobrevivem as formas oriundas do acusativo: singular e plural;
• O trio genérico do latim - masculino, feminino e neutro - reduz-se a dois com o desaparecimento do neutro;
• As quatro formas pronominais illum, illam, illos, illas modfificam-se para lo, la, los, las, como consequência da aférese sofrida pelo seu emprego proclítico;
• As relações sintáticas expressas pelas desinências casuais latinas passam a ser expressas pelas preposições ou pela própria colocação da palavra na frase;

• A morfologia verbal sofre uma considerável simplificação.




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