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domingo, 3 de julho de 2016

Literatura e Cultura Indígena Afro-Brasileira - Atividade de Aprendizagem III

1. De acordo com Ferreira (2012), apesar de ter muitos amigos e trânsito livre na Academia Brasileira de Letras, Júlio Romão tentou por três vezes ingressar como membro da ABL, mas o sonho de se sentar na cadeira dos “imortais” foi barrado. Ainda de acordo com o estudioso Ferreira, quais seriam os motivos da não aceitação do referido autor como membro da Academia? Quais os temas apresentados na sua produção literária? (5 pontos) 

Na primeira vez que se candidatou foi barrado por Orígenes Lessa; na segunda vez cedeu a vaga a Castelinho, um famoso jornalista também piauiense; na terceira vez já havia transferido residência para Teresina. Ferreira questiona se tamanhos impedimentos ocorreram pelo fato de Júlio Romão ser negro de pele muito escura grande parte de sua obra tratarem de temas afrodescendentes e indígenas. Ressalta, em contrapartida, que Machado de Assis também é negro, porém por muitos anos a Academia de Letras omitia isso.


2.  A construção da identidade afrodescendente na escrita literária de Evaristo se faz por via da construção do imaginário e da identidade negra que são ressignificados na história dos antepassados, recontada à protagonista quando esta retorna à casa dos parentes negros. Destaque do trecho que segue passagens que caracterizam a identidade afrodescendente. (5 pontos) 

“[...] Filho de ex-escravo, crescera na fazenda levando a mesma vida dos pais. Era pajem do sinhô-moço. Tinha a obrigação de brincar com ele. Era o cavalo onde o mocinho galopava sonhando conhecer todas as terras do pai. Tinham a mesma idade. Um dia o coronelzinho exigiu que ele abrisse a boca, pois queria mijar dentro. O pajem abriu. A urina do outro caia escorrendo quente por sua goela e pelo canto de sua boca. Sinhô-moço ria, ria. Ele chorava e não sabia o que mais lhe salgava a boca, se o gosto da urina ou se o sabor de suas lágrimas.” (PV, 2003, p. 14).
“[...] Um dia o coronelzinho, que já sabia ler, ficou curioso para ver se negro aprendia os sinais, as letras de branco e começou a ensinar o pai de Ponciá. O menino respondeu logo ao ensinamento do distraído mestre. Em pouco tempo reconhecia todas as letras. Quando Sinhô-moço se certificou de que o negro aprendia, parou a brincadeira. Negro aprendia sim! Mas o que o negro ia fazer com o saber do branco?” (PV, 2003, p. 15)
“[...] Naquela noite teve mais ódio ainda do pai. Se eram livres, por que continuavam ali? Por que, então, tantos e tantas negras na senzala? Por que todos não se arribavam à procura de outros lugares e trabalhos? [...] O homem não encarou o menino. Olhou o tempo como se buscasse no passado, no presente e no futuro uma resposta precisa, mas que estava a lhe fugir sempre.” (PV, 2003, p. 14-15)
“[...] Estava feliz. Acaba de fazer uma descoberta. A cidade era mesmo melhor do que na roça. Ali estava a prova. O soldado negro! Ah! que beleza! Na cidade, negro também mandava! [...] Ele mandou que o branco guardasse Luandi na cela. Só trancasse o preso, não fizesse nada... Luandi conclui que o soldado negro era mesmo importante. Era ele quem mandava.

[...] Luandi só queria ser soldado. Queria mandar. Prender. Bater. Queria ter a voz alta e forte como a dos brancos.” (PV, 2003, p. 70-71)


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