O aluno que sabe utilizar o sinal gráfico da vírgula de forma adequada
certamente vai chamar a atenção da banca e elevar a nota final na redação do
Enem ou no vestibular.
Ao contrário do que
muitos alunos pensam, a vírgula não é usada apenas para indicar pausas na
leitura. Elas são fundamentais para o entendimento do texto.
Vírgulas bem
colocadas deixam o texto mais elegante, garantem a compreensão e podem ser
decisivas para garantir uma vaga na universidade. Por isso, separamos algumas
dicas de como utilizar este sinal gráfico de pontuação de forma adequada. Vamos
lá?
1. Enumeração. Utilize a vírgula para enumerar os
elementos de uma frase. Exemplo: Fui à feira e comprei três bananas, duas maçãs
e uma melancia.
(Observe que entre os dois últimos itens da lista não se utiliza a
vírgula)
2. Isolar o
vocativo. Um vocativo nada mais é do que um chamamento usado para se dirigir a uma
pessoa ou a um grupo de pessoas. Veja os exemplos:
- Colegas, vamos limpar o
escritório.
- Roberto, venha cá, por
favor.
- “Colegas” e “Roberto” são
vocativos, portanto, devem ser separados por vírgula.
3. Marcar a
elipse do verbo. A palavra elipse tem diversos sentidos. O
significado gramatical é deixar de usar uma ou mais palavras para não haver
repetição. Quando um verbo é usado mais de uma vez em uma mesma oração, pode
ser suprimido por uma vírgula.
Nesses casos, o
verbo fica subentendido. Essa é uma forma bastante eficaz de evitar a repetição
de palavras em um texto, o que deixa a leitura mais agradável.
- Veja um exemplo:
- Eu cursei Jornalismo; ela,
Administração (verbo subentendido: cursei).
4. Acompanhar
conjunções. O uso da vírgula é obrigatório antes das conjunções: mas, pois, porém,
contudo, embora, todavia, portanto, logo). Exemplo: sei que você não gosta
dele, mas tente suportá-lo apenas hoje.
Atenção! Não se usa vírgula depois da conjunção adversativa “mas”.
Depois de outras
conjunções adversativas “apesar”, “entretanto”, “contudo”, “todavia”, “porém” o
uso da vírgula é recomendável. Exemplo: porém, não consegui chegar a
tempo.
5. Entre orações
explicativas. A vírgula é recomendável para isolar orações coordenadas explicativas.
Exemplo: o senador, que será candidato à presidência da República, esteve
presente na inauguração da nova capela da cidade.
6. Para separar
datas e números de ruas. Exemplo: Florianópolis, 10 de abril
de 2014 ou Rua da Caixa, 10.
7. Vírgula antes da
conjunção “e”. Errar ao usar (ou deixar de usar) a vírgula antes da conjunção “e”
é bastante comum. Muitos alunos pensam que, nesses casos, nunca haverá vírgula
– o que não é verdade. Existem situações bastante comuns em que ela é
obrigatória. Sempre haverá vírgula ao introduzir sujeitos diferentes. Exemplos:
- a) Maria lavou a louça, e
João fez a cama.
- b) Muitos apostaram, e
poucos ganharam.
- C) Romário saiu de casa e
não voltou. (como o sujeito não muda, a vírgula não é usada)
8. Isolar
o aposto.
Aposto é um
termo que explica ou especifica um substantivo ou pronome. O aposto deve ser
separado por vírgula, dois-pontos ou travessão. Existem diversos tipos de
aposto.
a) Explicativo: como o
próprio nome sugere, explica um termo anterior. “Paulo Coelho, um dos autores
mais vendidos do Brasil, também escreveu diversas músicas”.
b) Enumerativo: fui ao
mercado comprar muitas coisas: material de limpeza, frutas, carnes, arroz.
c) Resumidor: corrupção,
desvio de dinheiro público, promessas não cumpridas, tudo isso fez surgir os
protestos contra a realização da copa.
d) Comparativo: seu cachorro,
esperto como o dono, pegou o brinquedo antes dos outros animais.
e) Distributivo: Cabral e
Colombo desbravaram a América, aquele descobriu o Brasil e este o México.
f) Aposto
Oracional: nesse caso, o aposto é a oração. Exemplo: Mariana comeu toda a
pizza, sinal de fome.
g) Aposto
Especificativo: esse aposto merece uma atenção especial, pois ele não é separado
por vírgula ou qualquer outro sinal de pontuação. Exemplo: A presidenta Dilma
Rousseff sancionou uma nova Emenda Constitucional.
9. Inverter elementos na oração.
Sempre que o objeto
direto ou o complemento nominal forem invertidos na frase, será necessário o
uso da vírgula. Exemplo: Um pavor indescritível, eu senti naquele dia.
10. Separar orações coordenadas.
A marcação ocorre
sempre que a oração coordenada não for introduzida por conjunção. Exemplo:
Cheguei à escola, abri o armário, peguei o livro e fui correndo para a aula.
11. Intercalar
expressões.
Termos como “isto
é”, “ou seja”, “a propósito”, “quer dizer”, “melhor dizendo”, “além disso”
sempre serão isolados por sinal gráfico. Exemplo: a propósito, é preciso
uma política mais eficiente contra a corrupção.
12. Em orações
subordinadas adverbiais.
- Essas orações serão separas
por vírgula sempre que estiverem localizadas no início ou no meio do
período.
- Exemplo: assim que chegarem
as caixas, começaremos a mudança.
Dica Importante: Quando não usar a vírgula
Nunca utilize
vírgulas entre sujeito e predicado. A frase: “Está em São Paulo o
primeiro-ministro de Portugal” não deve ser interrompida por vírgulas.
A vírgula também
não é admitida entre o verbo e seus complementos. Exemplo: “A presidente Dilma
disse aos ministros que não aceita a nova proposta”.
Ufa! Depois de ler
tantas regras, parece muito complicado, não é mesmo?
Mas não se assuste.
Aprender a usar a pontuação da forma correta é mais simples do que você
imagina.
Esteja atento também na hora de ler um livro, uma notícia
na internet ou uma revista. Preste atenção na pontuação. Logo, logo você vai
dominar o uso da vírgula.
Bons estudos!
O conteúdo deste post foi
criado por Pedro Santos. Ele é jornalista e foi professor de Ortografia,
Redação e Literatura no Centro de Voluntariado da Escola Notre Dame, em São
Paulo (SP). Vive desde 2012 em Los Angeles, onde trabalha como tradutor e
professor particular de Português para americanos. Twitter: @pikneo